O Cyberlitera é uma espaço virtual destinado as letras que desejam se agrupar para formar palavras, as palavras que ardentemente se desejam e se unem para formar frases e as frases que no afã do desejo se acariciam, se abraçam, se beijam e se entrelaçam na tentativa de gerar uma nova forma de sentir o mundo.
3 comentários:
TUDO É QUIMERA
Passeio o olhar vazio em velhas lembranças
Herança dos idos tempos de infância
Parado contemplo a imagem do abandono
Alcanço, bem longe, visões há muito esquecidas
As paredes frias do quarto, em gelo desbotado, dormem
O sol, colunas de raios, invade a escuridão da sala
Na cozinha não há mais fogo, fumaça, cheiro
Nela só silêncio e aromas que trago na memória
De lá não se ouve vozes, chiado de prataria, tamboretes
Quanta vez se ouviu o ranger de portas e janelas
Era a casa hospitaleira, cheia de gente, trecos e sorrisos
Hoje, trancada, entrava o coração já partido, distante
No terreiro, sem piaçava, o mato toma lugar da alegria
Latidos de Veludo também não há pra onde o ouvido apruma
Melões de São Caetano já deitam telhado afora
E o rio, onde navegavam barquinhos de papel?!
Aquela paisagem crua molha os olhos incrédulos
Lá se foi toda a vivência da Rua Ares
Passeio o olhar envelhecido pelo vazio das lembranças
Nessa aridez tudo é quimera onde banhava o Tejipió.
Belíssimo poema!
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